Os sindicatos de aeroviários argentinos aceitaram suspender a greve de 24 horas que fariam na última sexta-feira, 13, num acordo com o governo. Mas os problemas continuam no setor.
No sábado, 14, um sindicalista quis obrigar o comandante de um voo da Aerolíneas Argentinas, da rota Buenos Aires-Ushuaia, a ler um comunicado em que é questionada a política aerocomercial do Ministério do Transporte, critica o ingresso das empresas de baixo custo (low cost) e alerta sobre questões que põem risco a segurança dos voos.
A mensagem faz parte do conflito entre sindicatos e governo, que quer abrir mais o mercado aéreo para revitalizar o tráfego e baixar as tarifas.
Segundo conta o site Infobae, o sindicalista, que faz parte da Associação de Pilotos Linhas Aéreas, um dos vários sindicatos do setor, é também piloto da Aerolíneas Argentinas.
Ele abordou seu colega numa área restrita e disse que o comandante deveria ler o manifesto durante a viagem. O piloto se negou e houve uma intensa discussão, que terminou com uma ameaça do sindicalista: “Fica tranquilo, depois nós resolvemos isso lá fora”.
Afetado emocionalmente, o piloto decidiu ceder o controle da aeronave ao copiloto e, ao chegar em Buenos Aires, precisou ser internado, porque estava com a pressão muito alta.
Como geralmente o regresso de Ushuaia a Buenos Aires é feito pela mesma tripulação que fez a rota inversa, o voo em que aguardavam 173 passageiros, em plena temporada alta de férias de inverno, foi cancelado no domingo, daquela cidade para a capital argentina.
A empresa aérea deve apresentar uma queixa ao Ministério do Trabalho, porque a leitura da mensagem poderia representar uma violação ao acordo assinado entre os sindicatos e o governo na semana passada.
Além disso, este tipo de informe não está incluído nas mensagens que os pilotos devem passar aos passageiros, porque pode ser considerado um risco para o voo. Os pilotos que descumpriram esta norma e leram o recado sindical podem ser punidos.
O pior é que a mensagem traz alerta sobre possíveis riscos aos voos. No sábado, o Infobae publicou o caso de outro voo, em que vários passageiros manifestaram sua surpresa ao escutar, a 10 mil metros de altura, uma advertência sobre falhas em aviões como aquele em que estavam.
Fontes: Infobae e El Independiente