Solidariedade
*Por Carlos Roberto de Oliveira
Necessário se faz entender uma realidade que nos impõe exigências de comportamento cuja reação, muitas vezes, é de estupefação e incredulidade.
E dentre estas, a mais traumática – o isolamento social – tem se prestado, paradoxal e curiosamente, a promover, no âmbito da comunicação virtual, ainda que em um nível pequeno de pessoas que se utilizam desta ferramenta de maneira responsável, uma maior aproximação ou mesmo uma reaproximação entre elas, resgatando com isto, inclusive, um sentimento um tanto banalizado, quando não convenientemente esquecido, o da solidariedade.
Sem o pieguismo de um estado de ânimo determinado pela hipocrisia, a considerar que o que tem contribuído para o fortalecimento desta exteriorização de comportamento, especificamente no mundo virtual, é aquele da manifestação da emoção pela lembrança, da comunicação pela possibilidade do encontro ou reencontro daquilo que se perdeu há muito, o sentimento da fraternidade.
Mas o espirito solidário mesmo, aquele que se manifesta espontaneamente, é quando, por exemplo, um grupo de pessoas, na condição de imigrantes procedentes de um país da América do Sul cujas condições sociais e econômicas são muito difíceis, em trânsito por Foz do Iguaçu, ao agradecerem uma entidade voltada para ações comunitárias – liderada por um grupo de senhoras comprometidas com o bem comum – pelo recebimento de roupas para se protegerem da intempérie, e passados três meses após o fato, retornam os beneficiários da ação e devolvem àquela entidade o benefício recebido, justificando que, felizmente, já tinham como se manter e que gostariam que aquelas roupas a eles disponibilizadas fossem direcionadas a outras pessoas que seguramente estariam a precisar.
Princípios, tê-los é uma condição básica para se libertar do egoísmo e, sem alarde, se inserir em um universo mais voltado para o nobre sentimento da solidariedade.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu