Sutileza
Carlos Roberto de Oliveira
Do encanto de um passado um tanto distante, e do qual muito abusou, permaneceu em seu imaginário lembranças que, em algumas circunstâncias, confundem-se com uma realidade mais parecida com aquela por ela vivida.
A ação do tempo, como agente transformador, trar-lhe-iam surpresas inesperadas e inimagináveis que seguramente despertariam sua consciência.
E neste contexto, aquela irreverência originada de um comportamento beirando a inconsequência, já não fazia mais sentido e atualmente, embora ainda mais recatada, muito provavelmente devido ao seu fator genético, recaídas ainda ocorreriam.
Sentindo-se observada, e desconfortável com algo que a incomodava, pressentiu que, naquele dia, no ambiente onde se encontrava, estava por acontecer um evento, inesperado, que a tocaria profundamente.
E aconteceu.
Lenta e calmamente, um jovem dela se aproxima e dirigindo-lhe a palavra pergunta se pode se sentar.
“Sim”, respondeu ela.
“Com um pouco de esforço, deve se lembrar de mim”, disse o jovem, e incontinenti, apresentando-se:
“Me chamo João César, 16 anos recém completados, o sobrenome, embora o saiba, dispenso-o, não irá lhe agradar, e tampouco tenho interesse em dizer, embora tenha orgulho em carregá-lo”.
Permita-me, por favor, contar-lhe uma pequena historinha cujo intérprete principal era um boêmio – o pai de meu pai – e o tema envolve a figura da mulher.
Dizia-me ele, pois já não mais está neste mundo, que em seus encontros e desencontros, pagar uma dose de bebida a uma mulher, em certos lugares específicos, em sua época, a ajudava a se manter feliz e alegre e, mais importante, prestigiada em sua performance.
É o que ora me proponho, e depois vou-me embora.
Posso lhe pagar uma dose?”
Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu