Sua afetação já não mais impactava, fato esse que a incomodava, pois sempre se utilizara desse procedimento como forma de autoafirmação, e quando o manifestava, na maioria das vezes o fazia com um ar de indiferença, embora maliciosamente insinuante.
O tempo passara, e sem a segurança de outras épocas, em que tudo acontecia à sua maneira, alternativa outra não encontrou senão aquela de tentar se inserir com uma outra postura, onde pudesse, pelo menos, ser benvinda.
Só então se deu conta que pela falta de uma espontaneidade natural, fruto do alto grau de esvaziamento que trazia pela sua forma de ser e relacionar, aquela realidade incapacitava-a de um sentimento de despojamento, tornando-a como que inconveniente.
Foi quando alguém, então, em tom irônico e lembrando Drummond, soltou o “E agora José, para onde? a festa acabou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?
Só que não era José, e sim Maria.
E longe de qualquer comportamento piegas, manifestou sua contestação na forma de coerência, pois desfilando sua ilusão, e como em outros tempos, exclamou, alto e bom som: “a noite é uma criança”, e retirando-se, brejeiramente comentou como que ferida em sua sensibilidade: ainda há quem goste, e a festa continua!
Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu