O título do jornal ABC Color soa estranho: um acusado pedir para ser investigado por outros crimes de que não é acusado e ser levado a juízo oral?
O promotor Enrique Díaz constata: “É realmente inédito”.
Ele diz que Marcelo Pinheiro, o Marcelo Piloto, afirma que cometeu crimes como homicídios, tráfico de drogas e de armas, além de ter recebido proteção da Polícia Nacional e de políticos, e que por isso pediu para ser investigado e levado a julgamento.
Enrique Díaz, que foi recusado para ser o promotor do caso por Marcelo Piloto, diz que isto que ele pede é um direito que a lei lhe outorga.
Ele diz ainda que, no Paraguai, a expectativa de pena para Piloto é de no máximo dez anos de prisão, pela produção de documentos não autênticos.
Considerando que ele sofreria uma condenação muito mais alta no Brasil, o promotor sustém que mantê-lo preso no Paraguai “perde relevância penal”.
O advogado de Marcelo Piloto, Christian Colmán, disse que o próprio cliente pediu para fazer uso da palavra e recusou o promotor Díaz, “porque não estava em conformidade com o trabalho da Procuradoria”, disse ainda.
Segundo o advogado, não foram feitas as investigações necessárias. Para ele, não há diferenças, para Piloto, estar na prisão no Paraguai ou no Brasil, mas o que chateou Marcelo Piloto é que “não deem bola para um feito cometido no país” e o deixem ir ao país vizinho.
O caso é que Marcelo Piloto estava preso no Brasil e fugiu para o Paraguai. Sua pena, aqui, passaria de 20 anos, fora outros crimes que cometeu posteriormente.
O pedido dele para ser investigado por outros crimes no Paraguai seria uma manobra para evitar sua extradição ao Brasil, segundo especialistas. Estranha manobra!