Tucunarés no Lago de Itaipu já eram uma preocupação desde 1999

O alerta foi feito, na época, em matéria publicada do Jornal de Itaipu

Ilustração: Jornal de Itaipu

No ano passado, a Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, sob a liderança do vereador Ney Patrício, entrou no embalo de querer obrigar a prática do pesque e solte do tucunaré no Lago de Itaipu, para infestar ainda mais o reservatório, ignorando os alertas da comunidade científica sobre essa praga ambiental (leiam aqui), natural da Bacia Amazônica, que está acabando com a fauna nativa dos peixes da Bacia do Paraná.

Essa espécie invasora é tão agressiva que, já em fevereiro de 1999, o Jornal da Itaipu alertava sobre isso, em uma matéria que pode ser lida abaixo.

Mas antes, vale ressaltar que o município de Missal teve de revogar uma lei semelhante por orientação do Ministério Público do Paraná (vejam aqui), embora o deputado estadual Vermelho, eleito por Foz do Iguaçu, tenha protocolado, na Assembleia Legislativa, um insensato (para dizer o mínimo) projeto de Lei que quer impor essa prática em todo o Paraná.

No rastro do tucunaré

“Ele tem uma carne saborosa, pode chegar a pesar 3 quilos e é considerado um excelente brigador pelos pescadores. Apesar dessas qualidades, está sob constante vigilância da Divisão de Meio Ambiente Aquático, da Diretoria de Coordenação.

O motivo: pode comer, literalmente, as outras espécies que vivem no Lago de Itaipu. Seu nome: tucunaré.

Devido ao seu voraz apetite, o tucunaré está se tornando uma preocupação dos ambientalistas brasileiros e passou a ser assunto, inclusive, da imprensa nacional.

Natural da Amazônia, o peixe foi introduzido na Bacia do Paraná na década de 60 e antes da formação do reservatório ele já nadava nas águas da região onde foi construída a usina.

“Aqui em Itaipu, a população de tucunarés está sob controle”, afirma o veterinário Domingo Rodriguez Fernandez.

Segundo ele, as pesquisas científicas indicam que a população de tucunarés é de 1% entre todas as espécies de peixes que vivem no lago.

Os principais fatores que impedem que os tucunarés se proliferem no reservatório são a baixa temperatura da água no inverno, entre 19 e 20 graus, e a existência de poucos lugares rasos.

“Essa espécie gosta de águas quentes e rasas, que são características dos rios da Amazônia”, esclarece Domingo.

Por gostarem de águas rasas e sua coloração dourada, os tucunarés são vistos com facilidade nadando nas margens do reservatório. Entre os municípios lindeiros, ele aparece com mais frequência na região de Santa Helena, onde se adaptou melhor.

As pesquisas indicam que a população de tucunarés sofre fortes variações a cada quatro anos. Quando o inverno é rigoroso, o número de exemplares diminui bastante.

Para acompanhar a proliferação não só dessa espécie, mas de todas as outras que vivem no Lago de Itaipu, são feitas trimestralmente campanhas de pesca científica em 13 pontos pré-determinados do reservatório e de seus afluentes.

A pesquisa é feita pela Universidade Estadual de Maringá, que analisa os peixes capturados e elabora os gráficos estatísticos do estoque pesqueiro.”

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