Por que Uber e assemelhados ainda vão encontrar muitas dificuldades em Foz

Um motorista de Uber de Curitiba contou que paga 25% de cada corrida para a empresa do aplicativo, além de R$ 1,20 por corrida. Isto é, se ganhar R$ 10,00, fica com apenas R$ 6,30.

A conversa é bem recente, mas matérias divulgadas pela imprensa nacional mostram que a Uber havia baixado a taxa fixa, que pode agora ser variável, dependendo da situação.

De qualquer forma, ninguém vai ficar rico dirigindo Uber. É um quebra-galho, que no caso de Foz ajuda inclusive jovens que estudam em faculdades do Paraguai.

Mas aí vem a complicação: com estes custos, o motorista de Uber vai preferir, logicamente, atender bairros como a Vila A, por exemplo, que tem maior procura pelo serviço e que, normalmente, pedem corridas para endereços próximos ao centro, onde será mais fácil encontrar clientes para outra viagem.

Atender os bairros mais distantes ou menos povoados fica mais complicados, mesmo porque há poucos carros dos aplicativos funcionando em Foz do Iguaçu.

Só para comparar, Uber e Cabify, os serviços mais usados de aplicativos, em Curitiba, somam cerca de 20 mil motoristas. Sabe quantos táxis a cidade tem? Pouco mais de 3 mil.

Segurança

Isso também explica o sucesso dos aplicativos. Em dia de chuva, ainda hoje é praticamente impossível achar um táxi na capital. E, mesmo com Uber e Cabify funcionando à toda, ainda há espaço para os taxistas. Até por uma questão de segurança, reconhece o jovem motorista: já houve relatos até de estupros em carros de aplicativos, enquanto em táxis isso não acontece.

“Você vê muito táxi rodando”, disse o motorista de Uber. “E tem mais: por causa da concorrência, eles também usam aplicativo e fazem promoções. Ficou bom pro consumidor”.

Mas Curitiba tem quase oito vezes mais moradores que Foz, embora por aqui haja a vantagem da procura por táxis por parte dos milhares de turistas que visitam nossos atrativos. Turistas que também são disputados pelos motoristas de aplicativos, logicamente.

Vai demorar um pouco até todo mundo se entender e cada serviço garantir seu espaço e sua clientela. Quando isso acontecer, será bom pra todos, especialmente pro morador e pro turista.

Sem fidelidade

Agora, um detalhe: você deve saber que a Uber não exige fidelidade dos seus motoristas, não é mesmo? Quem trabalha com a Uber pode também prestar serviço pra qualquer outra plataforma. A fonte de Curitiba, aquele motorista que atendeu pelo Uber, também presta serviços ao Cabify.

Normalmente, os motoristas já têm no celular as duas plataformas e vão atender, naquele momento das chamadas, o endereço do qual estiverem mais perto ou que acharem mais atraente.

Esta é uma forma de as empresas de aplicativos não terem problemas com a legislação trabalhista, já que não criam vínculos.

Pra fechar o que diz lá no título, motoristas de Uber e Garupa, que operam em Foz, vão encontrar muitas dificuldades exatamente porque não há tanta clientela assim, embora proporcionalmente o número deles por aqui seja superior ao que atende Curitiba (se Curitiba é oito vezes maior, o número de carros no transporte por aplicativo é quase mil vezes maior.

Mas é questão de tempo e de adaptação. Quanto mais carros tiver, melhor será para os serviços se firmarem. Quanto aos táxis, a maior parte dos motoristas já está se adaptando. Ah, sim, e o lado mais positivo de tudo: alguém ouve falar em aumento na tarifa de táxi, por aí?

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