Um certo Chico…
*Carlos Roberto de Oliveira
Discreto em suas manifestações, porém incisivo em suas convicções, Chico Limoeiro, como era conhecido, crítico ácido de uma parcela da sociedade que tem na hipocrisia seu arrimo, não economizava adjetivos para rotulá-la à sua maneira.
E o fazia abertamente, sem qualquer constrangimento, taxando-a de vilã por conveniência, porque o mais importante era representado por dois substantivos, um feminino, aquisição, e outro masculino, consumo, e para se chegar lá, os meios justificavam os fins.
Longe de ser um sentimento gratuito de revolta, na realidade era a constatação de que pouco ou quase nada adiantava a preocupação com a ética e moral, ambas em desuso, já que a opção escolhida era a maldita máxima de se levar vantagem em tudo.
Algo impregnado em um país que tem no futebol sua referência maior e que traz, na prática, uma sensação de vazio como que uma vitória de Pirro, pois é fruto de uma falácia de que o mais importante é o gol, nem que seja impedido.
Nesta sua conceituação, com uma pitada de irreverência e humor, Chico Limoeiro atribuí este tipo de comportamento ao fato de que, antes de ser, o mais importante é ter.
Não se considerando um falso moralista, não o era, irritava-o, sim, a corroboração de que tudo o que buscara no processo de sua formação fosse contestado por uma frase, quase chula, que diz “tudo que não presta, é que parece ser o certo”.
E a realidade, lamentavelmente, mostrava isto.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu