Um olhar…
*Por Carlos Roberto de Oliveira
Lendo uma crônica de Paulo Mendes Campos, o “Mendigo”, que embora escrito há muito tempo se mantem atualíssima à realidade brasileira, e cuja leitura é aconselhável, até porque, o conceito do personagem, o mendigo, um tanto pessimista quanto ao ser humano, é perfeitamente cabível para uma proposição estapafúrdia de uma senadora brasileira que quer, simplesmente, criminalizar o olhar como assédio sexual.
Neste contexto, indispensável a inclusão de uma proposta como essa no famoso “Festival de Besteira que Assola o País”, de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, que, como Paulo Mendes Campos e outros, igualmente há muito tempo também já alertava a sociedade brasileira para os desatinos de muitos políticos brasileiros em suas atribuições, já que, despreparados, se prestam a tudo, menos a servir o país.
Entre a perplexidade e a estupidez, aquela velha máxima de que o Brasil não é um país sério vem à tona.
Já temendo as consequências de um olhar meio atravessado, fechei os olhos e, de repente, com a intermediação do Zé Pelintra, eis que se manifesta, nada mais nada menos do que Tom Jobim, contrariado, reclamando que uma de suas belas canções, “Este seu Olhar”, jamais teve qualquer conotação com assédio sexual, só refletindo uma intenção de carinho que, musicada, transmite à mulher a certeza de que:
“Este seu olhar,
Quando encontra o meu,
Fala de umas coisas
Que eu não consigo
Acreditar…”.
Passado o momento mediúnico de sintonia com o além, e confirmado o fato de que o olhar é indispensável para preencher vazios, a certeza que fica é a de que necessário se faz melhor escolher quem nos represente.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu