Uma forma de lamento
*Por Carlos Roberto de Oliveira
Tem lá seus conflitos eventuais com sua consciência, geralmente gerados por algum tipo de comportamento mais imbecilizado em função de atitudes próximas da dissimulação.
Coerente com suas convicções, porém, não se perdoa quando isso acontece e não esconde sua decepção por essa fraqueza circunstancial e da qual procura se retratar pelo legado recebido de um aprendizado alicerçado em valores, dos quais muito deve a seus antepassados.
Essas lembranças o levam a dimensionar épocas, e nesse aspecto agradece pela convivência que teve com pessoas que, longe de serem perfeitas, tinham princípios.
E, dentro deste contexto, não há como não se revoltar com uma realidade que prioriza a hipocrisia ao amparo de um ufanismo baseado na insensibilidade e inconsequência.
Não há mais espaço para se acreditar em narrativas. Qual a razão de tanto revanchismo que tem como justificativa alimentar egos inflados de ressentimentos?
Vive-se uma época cujo valor maior está no sofisma.
E para fugir desta realidade, asfixiante, pasme-se, reportou-se ao seu tempo passado, pois nele ainda tinha a prerrogativa de renovar expectativas; tanto que dele conscientemente se lembra.
Mas, afinal, que passado foi esse?
Simples, um passado onde havia esperança; um passado em que havia o sentido da busca; um passado em que o ter era produto de trabalho e o ser da formação do caráter, sem que isto tivesse qualquer conotação com pieguice; um passado em que o relacionamento pessoal, mesmo na rivalidade, era respeitado, enfim, um passado onde havia motivo para acreditar e sonhar.
Ah, dirão muitos, mas sonhar para quê?
Ora, para se tentar encontrar o que de válido há na vida, a alegria e a liberdade, com direito a escolhas, obviamente, são duas prerrogativas indispensáveis, pois, caso contrário, não há como seguir o poeta quando diz que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu