A disseminação da comunicação pelos meios virtuais e o condicionamento que essa tem gerado, especialmente pela dependência que acarreta, e a falta de discernimento em sua utilização, tem contribuído para uma espécie de isolamento coletivo cuja consequência é um convívio social onde o que menos importa são as emoções.
Muitos não se dão conta do aspecto negativo que essa situação representa e se esquecem que há um mundo real, não só virtual, que a cada dia, mais e mais, vem se banalizando pela perda tanto de sensibilidade quanto de princípios voltados à solidariedade.
Longe de ser uma exceção, o que se observa é que diariamente aumenta, assustadoramente, um tipo de comportamento em que, independente do lugar onde se esteja, a preocupação é com algo que esteja acontecendo em algum outro lugar.
Em consequência, situações emblemáticas de desatinos comportamentais ocorrem, como por exemplo o de uma pessoa que ao atravessar uma rua é surpreendida pelo som estridente de uma buzina alertando-a de que poderia ser atropelada, algo que aparentemente seria até aceitável, não fosse o fato de que, naquele momento, essa pessoa, inconsequentemente, estava ao celular e envolvida em uma postagem em que havia um convite para um evento denominado “Festival de Besteira que Assola o Mundo Virtual”.
Quase que simultaneamente, um outro som se ouve, o de um outro veículo abalroando aquele que havia buzinado, pois este havia sido freado bruscamente, onde a traseira de um e a frente do outro ficaram em estado lastimável, quando alguém, então, grita, foi nada não, o seguro cobre.
E quanto ao agente causador daquela situação?
Bem, alheio às consequências e como se tudo estivesse normal, e mais preocupado com o convite ao evento do Festival, voltou-se ao seu celular e, indiferente, seguiu caminhando até uma outra ocorrência na mesma proporção.
Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu