Parece que foi ontem, mas a Universidade Federal da Integração Latino-Americana está completando hoje, dia 12, nove anos de criação.
Com belos números: 4.061 alunos na graduação, dos quais a grande maioria – 2.400 estudantes – é de Foz do Iguaçu e do Oeste do Paraná. Mas há ainda estudantes de todos os estados brasileiros e de outros 21 países.
Pra economia de Foz, números à parte: o que a Unila paga aos servidores concursados (docentes e técnico-administrativos em educação), que são 913, e para os terceirizados (motoristas, segurança, limpeza e manutenção), outros 94, significa uma injeção de R$ 105,3 milhões por ano em salários. Ou R$ 8.544.951,00 por mês, uma quantia considerável!
Esse dinheiro é em grande parte injetado na economia iguaçuense. Soma-se ainda o que gastam os estudantes, pra se alimentar, em lazer e tudo o mais.
A comunidade acadêmica da Unila, servidores mais alunos, é respeitável em qualquer sentido: são 5.302 pessoas.
Desempenho
A diversidade cultural da Unila, um dos principais diferenciais da instituição, é o ponto central da qualidade de seus cursos de graduação.
A instituição, cada vez mais respeitada pelo desempenho geral, obteve conceito 4 no Índice Geral de Cursos do Ministério da Educação. Traduzindo, desempenho “muito bom”.
Embora seja considerada nova, já está entre as 70 universidades públicas mais bem avaliadas do Brasil.
Dos cursos avaliados pelo MEC em 2018, cinco tiveram Conceito Preliminar (CPC) 4, destacando-se entre os melhores do país.
Engenharia Civil de Infraestrutura obteve o 13º lugar entre todos os cursos da área, superando instituições tradicionais como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e as universidades federais de Santa Catarina, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Também foram destaque os cursos de Geografia (14ª colocação), Engenharia de Energia (16ª) e História (31ª).
“A verticalização no ensino superior é um verdadeiro gargalo, e nisso a Unila se destaca na região de maneira incomparável. A Unila tem sido uma referência em alinhar inclusão com qualidade, mas ainda temos um caminho a percorrer para nos aprofundarmos nas dimensões pedagógicas que isso implica. Isso será uma tarefa para toda a comunidade acadêmica: estudantes e servidores”, avalia o reitor pro tempore, Gustavo Oliveira Vieira (foto).
Ele destaca como outro importante marco na trajetória da Universidade a abertura de onze programas de pós-graduação.
“Esse é um dos nossos melhores indicadores de qualidade. Com onze mestrados, em tão pouco tempo de existência, conseguimos alcançar uma diversidade de áreas do conhecimento”, salienta.
Além dos números e das avaliações institucionais, uma das formas de verificar a qualidade da Universidade é por meio da trajetória de seus ex-alunos.
Desde a primeira colação de grau, em 2014, egressos da instituição estão dando continuidade à sua trajetória acadêmica e profissional em diversos pontos da América Latina.
Unileira comanda obras no setor de energia elétrica no Paraguai
A paraguaia Ivaenia De Giacomi ingressou na Unila em 2010, na primeira turma do curso de Engenharia Civil de Infraestrutura. Hoje, dois anos depois de formada, ela atua em uma empresa de construção para o setor elétrico no Paraguai e é a chefe da obra da Subestação de Minga Porã, que está em fase final de acabamento e deve entrar em serviço ainda no mês de janeiro.
“Como todo início, a primeira turma teve algumas dificuldades. Sofremos com algumas carências com relação à ementa curricular e aos horários de aulas, mas com o decorrer dos semestres isso foi melhorando. Mas o que mais me lembro do meu período na Unila é que tive professores com um grau de conhecimento excelente e aulas muito boas. Isso, com certeza, foi um diferencial na hora de concorrer a uma vaga de emprego”, conta Ivaenia.
Além das aulas, Ivaenia participou de projetos de iniciação científica. “Integrei projetos na área de tecnologia do concreto e na área de Química, com um estudo sobre a toxicidade da Bacia do Paraná. Sem dúvida, essas experiências foram grandes propulsores da minha formação”, diz.
Recém-formado, haitiano é aprovado em três mestrados em universidades federais
Fednel Saintil é de uma geração diferente de unileiros. Ele ingressou no curso de Ciências Econômicas em 2015, na primeira seleção especial destinada a alunos haitianos.
Antes de ingressar, Fednel já estava em São Paulo há dois anos.
“Não tive a oportunidade de cursar ensino superior no meu país. Então, aproveitei a onda migratória pós-terremoto para vir tentar estudar no Brasil. Nos primeiros anos, trabalhava o dia inteiro com pintura predial e, de noite, fazia cursinho pré-vestibular”, lembra Fednel, que, em seu tempo livre, também ajudava os imigrantes e refugiados com tradução de documentos.
Para ele, estudar na Unila foi uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre a diversidade linguística e cultural da América Latina, ao mesmo tempo em que se preparava academicamente na área da Economia.
“Estive durante quatro anos ouvindo dois idiomas (português e espanhol) que não eram as línguas do Haiti. Para mim isso foi uma superação. Consegui ter desempenho extraordinário nas provas e nos debates acadêmicos. Enfim, fico muito feliz que meu sonho de estudar fora do meu país está sendo realizado”, disse.
Fednel se formou em Ciências Econômicas na última quinta-feira (10) e já está de viagem marcada para Salvador, onde vai continuar seus estudos.
“Fui classificado na pós-graduação em três universidades federais, mas a minha preferência é pelo mestrado em Economia Aplicada pela Universidade Federal da Bahia”.
O descobrimento da América Latina
Francisco Denis Afonso Torres, mais conhecido como Chico Denis, também fez parte da primeira turma, a turma pioneira da Unila. Em 2010 ele saiu de Quixelô, no interior do Ceará, para estudar Relações Internacionais e Integração em Foz do Iguaçu. “Deixei tudo para trás: trabalho estável, família, namorada, amigos. Foi a primeira vez que saí do meu Estado”, contouuuuu.
Na época, Chico achava que estava saindo da sua cidade natal apenas para ingressar no ensino superior. Mas ele disse que na Unila encontrou novas maneiras de ver o mundo e descobriu uma América Latina que, até então, ele ignorava.
“Eu achava que a realidade dos países da América Latina era muito distante da minha realidade no Sertão Nordestino. Mas na Unila eu descobri que a América Latina é muito parecida. Temos problemas sociais e econômicos parecidos, muitas semelhanças culturais na gastronomia, nos hábitos religiosos e na forma de ver o mundo. Vi que temos mais elementos que nos unem do que nos diferenciam. A Unila tem essa capacidade de, por meio da educação, unir pessoas que estão distantes geograficamente e mostrar como são semelhantes e como juntas são fortes.”
Hoje, cincoanos após formado, o internacionalista trabalha na Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, o maior órgão municipal do país na área de Relações Internacionais. Ele também segue na vida acadêmica e é doutorando em Integração Latino-Americana na USP.
“Me sinto muito realizado, mas ainda tenho o sonho de voltar como pesquisador ou professor visitante na Unila e contribuir, também, em alguma área do meu conhecimento para as novas gerações que passarão por lá”.
Fonte: Secom/Unila