Os paraguaios querem estar bem municiados para a discussão das mudanças no Anexo C do Tratado de Itaipu, que vence em 2023.
O Anexo C trata justamente das bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade de Itaipu, isto é, dos recursos que a usina obtém vendendo sua energia e de como se dará a partilha dessa energia entre os dois países, a partir de então.
O preparo dos paraguaios inclui um curso da Universidade de Salamanca, de formação de mediadores e negociadores de alto nível, conforme acordo assinado em outubro entre a instituição espanhola, uma universidade local – a Universidade Paraguaia Alemã (UPA) e a Itaipu, margem paraguaia.
Segundo o convênio, a maior parte do curso será na própria UPA, mas haverá também algum módulo na Espanha. Quem vai custear tudo é a própria Itaipu.
O curso será entre março e julho de 2019, para formar 60 pessoas, com exigência de 300 horas presenciais. As aulas serão ministradas por professores da Universidade de Salamanca e especialistas internacionais com experiência em mediações de alto nível.
Mais apoio
Em agosto deste ano, o presidente Mario Abdo Benítez, em visita aos Estados Unidos, convidou o renomado economista Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, em Nvoa York, para assessorar a política energética de seu governo.
Não é por acaso. Sachs já fez várias visitas ao Paraguai e tem um estudo sobre Itaipu no qual conclui que o Brasil não pagou o suficiente ao Paraguai.
Ele sugeriu que o Paraguai não espere até 2023 para solicitar uma renegociação do Anexo C e convocar organismos internacionais, como a ONU e o Fundo Monetário Internacional, para fazer uma conciliação de contas transparente das quatro décadas de história de Itaipu.
Fica o alerta à margem brasileira, não só de Itaipu como ao próprio governo. Os paraguaios vêm com sangue nos olhos e faca na boca para a mesa de negociações (exagero à parte, claro).