Vai haver alteração do período de defeso no Rio Paraná, devido à grande estiagem deste ano? Leiam a nota

"Na Argentina, a Província de Missiones adiantou o período para 10 de agosto (já em atuação) até 21 de dezembro"

Foto ilustrativa: Divulgação/IAT

Em vista da forte estiagem que atinge o Rio Paraná este ano, o Não Viu? entrevistou o consultor e especialista na área de reprodução de peixes, Domingo Rodriguez Fernandez, para saber se vão ocorrer alterações nas datas do período de defeso.

Vamos a ela!

Existe alguma estimativa de alteração do período do defeso no Rio Paraná?
No caso do Rio Paraná, no trecho compreendido entre Guaíra / Mundo Novo (Início do Reservatório de Itaipu) até Posadas/ Encarnação, na Argentina, o período de defeso é regulamentado nas áreas pertencentes a cada um dos três países (Argentina, Brasil e Paraguai).

No Brasil, é provável que o defeso este ano tenha o mesmo período dos anteriores, iniciando em 1° de novembro a 28 de fevereiro, a menos que ocorra uma reunião entre o Ibama e as Secretárias de Meio Ambiente dos Estados (Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná) e a data possa ser ampliada ou postergada para um período com maior expectativa de chuva.

Na Argentina, a Província de Missiones adiantou o período para 10 de agosto (já em atuação) até 21 de dezembro.

No Paraguai, ainda não há notícias, mas o provável é que ocorrerá como nos anos anteriores, entre o início de novembro e a véspera do Natal. Em função da seca, é possível que haja uma mudança, adiantando o período, mas ainda não há nada oficial.

O que você acha que deve ser feito?
Em termos de proteção ao processo reprodutivo de peixes migradores, o interessante seria que o período abranja o início das chuvas e como estamos em um ano de La Niña, é esperado que as chuvas atrasem e o desejado seria expandir o período para até março de 2022, lembrando que, com isso, haveria extensão do período de recebimento do Salário Defeso pelos pescadores artesanais.

Mesmo que haja seca prolongada este ano (com menos áreas de berçários naturais), importante é manter um número viável de matrizes das espécies migradoras para manter viável a migração reprodutiva nos próximos anos, quando os níveis voltarem a uma situação normal.

De que forma?
Evitando a pesca do atual estoque de reprodutores das espécies migradoras (como dourado, piaparas, matrinxãs, pacu, curimbas e os grandes bagres como Surubim e Jaú). Para isso, o defeso deveria ser mais longo, pois assim, mesmo que existam menos áreas de criadouros naturais (em função da pouca chuva) este ano, o estoque poderá fazer a migração reprodutiva com mais eficácia nos próximos anos, sem o advento negativo da seca.

 

Sair da versão mobile