Vale a pena conferir as 7 curiosidades históricas de Assunção

A capital do Paraguai comemorou ontem, 15 de agosto, 487 anos de fundação

Assunção. Foto: Agência IP

Assunção, capital do Paraguai, que comemorou ontem, 15 de agosto, 487 anos de fundação, é uma cidade com uma história rica e fascinante.

Desde os seus primeiros dias, testemunhou acontecimentos que não só moldaram a nação paraguaia, mas também influenciaram grande parte do Cone Sul da América. Apresentamos abaixo sete curiosidades históricas que revelam alguns dos episódios mais intrigantes desta antiga e emblemática cidade.

1. Sepultamentos próximos a igrejas

Durante algum tempo, o terreno ao redor da Igreja da Encarnação serviu de cemitério para adultos e crianças, seguindo a tradição de enterrar os mortos em “solo sagrado”. Esta prática cessou em 1842, quando Carlos Antonio López inaugurou o cemitério da Recoleta. Entre as últimas figuras ilustres sepultadas neste local estão o ditador José Gaspar Rodríguez de Francia e o presidente Juan Bautista, assassinado em 1877.

2. O saque da cidade

Em janeiro de 1869, as tropas aliadas tomaram Assunção e começaram a saquear a capital. Ao cair da noite de 1º de janeiro, cerca de 1.700 soldados brasileiros chegaram à desolada Assunção e ocuparam prédios públicos. As casas, ricamente decoradas com objetos de arte, pianos e móveis finos, foram despojadas de seus bens.

Assunção durante o saque.
Imagem: Sesquicentenário da Epopeia Nacional.

No dia 5 de janeiro, embarcações não militares começaram a transportar os frutos do saque rio abaixo, levando máquinas, móveis e quaisquer objetos de valor. Naqueles dias, ao entardecer, incêndios devastaram casas próximas ao porto. Soldados brasileiros exploraram a cidade em busca de tesouros escondidos, escavando e destruindo muros e deixando inscrições obscenas em casas que não demoliram.

A devastação continuou nos cemitérios de Encarnación e Recoleta, onde os corpos foram exumados e despojados de quaisquer objetos de valor. Assunção, que não foi palco de uma batalha significativa, ficou devastada.

 

 

3. O cemitério transferido

Cemitério de Mangrullo. Foto de Marcelo Paiva Pavón,
extraída de materiais do Centro Cultural da República El Cabildo.

O parque Carlos Antonio López, no bairro Sajonia, ocupa o local que foi o cemitério de Mangrullo durante a fase final da Guerra da Tríplice Aliança. Inaugurado pelo exército brasileiro em 5 de janeiro de 1869 para sepultar seus mortos, este cemitério também foi posteriormente utilizado pela população civil paraguaia. Apesar de estar na periferia da cidade na época, tornou-se local de descanso final para muitos até o seu fechamento em 1918.

Embora oficialmente fechado, o cemitério continuou a receber sepultamentos clandestinos, o que até levou a que ali fossem sepultadas figuras como o parricida de Villa Morra, Gastón Gadin. Na década de 1960, durante a construção de um reservatório de água no parque, foram descobertos restos de uniformes e objetos de guerra que crianças do bairro recolheram sem conhecer seu valor histórico.

 

Fotografia obtida na
Imagoteca Milda Rivarola.

4. Local das execuções

O pátio da antiga prisão pública, localizada onde hoje estão o Colégio de la Providencia e parte da Universidade Católica, testemunhou inúmeras execuções, incluindo a última sentença de morte executada no Paraguai, quando Gastón Gadín e Cipriano León foram baleados.

 

5. A praça como mercado

Em artigo publicado pela historiadora Milda Rivarola, relata-se que o Mercado Guazú, que funcionava desde 1768 na atual Plaza de los Héroes, foi um animado centro de comércio até o início do século XX. Descrições de viajantes europeus retratam-no como um espetáculo vibrante no coração de Assunção:

«Sob a ditadura da França, os irmãos Robertson deixaram um dos primeiros testemunhos da movimentada atividade matinal. ‘A cena mais curiosa, interessante e peculiar que aparece em Assunção aos olhos estrangeiros é a do Mercado, que fica numa grande praça (…) De todas as ruas que convergem para a praça vieram centenas de mulheres, vestidas sem exceção branca. Alguns carregavam potes de mel na cabeça; outros, mandioca ou algodão não tecido. Havia quem carregasse velas, doces, flores, jarras de bebidas alcoólicas, bolos quentes ou frios e frituras, cebola, pimentão, alho e milho.

Alguns carregavam recipientes de sal na cabeça, outros carregavam grandes fardos de tabaco e maços de charutos.

Aqui se aproximava um, montado num burro cujos órgãos estavam carregados de ovos e galinhas, outro ali, trazendo da mesma forma melões e melancias, figos ou laranjas, para vender. Muitos carregavam cana-de-açúcar já descascada e cortada em pequenos pedaços, pronta para consumo. Chegaram então as carroças dos açougueiros, com grandes pedaços de carne não classificada, de animais abatidos de qualquer forma, pendurados nas carroças forradas de palha (…). Depois dos grupos citados vieram os índios Payagua, robustos e atléticos, com peixes pendurados em longos remos que carregavam nos ombros. Outros indígenas os seguiram, com fardos de chalas trazidos do Chaco para alimentar os cavalos de Assunção. Quando todos estes grupos – que totalizavam, creio eu, cerca de quinhentas pessoas – se reuniram na praça do mercado, começaram a localizar-se em Tilas paralelas, deixando apenas espaço suficiente para os compradores passarem entre eles.

6. O nome original da cidade

A cidade de Assunção foi originalmente chamada de “Porto e Casa Forte de Nossa Senhora Santa María de la Asunción”, embora os habitantes locais a conhecessem como Paragua’y, em referência ao rio principal.

Também é conhecida como a “Mãe das Cidades” devido ao seu papel central na fundação de outras cidades importantes da região, como Buenos Aires, Corrientes e Santa Cruz de la Sierra.

7. Vulcões extintos na cidade

Morro Tacumbu. Coleção Manuel Cuenca.

 

Cerro Lambaré e Cerro Tacumbú já foram vulcões ativos no Paraguai. Embora as suas erupções não tenham sido explosivas, estes vulcões emitiram lava que hoje faz parte das pedras utilizadas nos paralelepípedos da cidade. O vulcão Tacumbú deixou de emitir lava há cerca de 45 milhões de anos, enquanto o vulcão Lambaré o fez há 65 milhões de anos. Segundo especialistas, não há possibilidade desses vulcões voltarem a ficar ativos.

 

 

 

 

 

Com informações da Agência IP

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