Tem quem goste, tem quem odeie. Inclusive no governo, que relutou em adotar, este ano. Mas vem aí, com uma hora de adianto, o horário de verão.
À zero hora de domingo, 15 (ou meia-noite de sábado, 14), os relógios devem pular pra 1h da madrugada. Vale pro Paraná, pra outros nove estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul – e pro Distrito Federal.
O horário de verão foi criado para poupar energia. Teoricamente, como os dias são mais longos nesta época, aproveita-se melhor a luz solar, o que reduz o uso de eletricidade.
No entanto, no entanto… sempre tem uns poréns.
Primeiro, a explicação técnica de por que o horário de verão é adotado. O que ele reduz é a necessidade de se ter energia extra na chamada “demanda de ponta”, entre 18h e 21h, quando há um pico de consumo – é o horário em que a população chega em casa e aciona luzes e aparelhos elétricos, enquanto boa parte do comércio e da indústria continuam ativos – e consumindo energia.
Para atender a esta demanda extra, as usinas térmicas são acionadas com mais vigor nestes períodos.
O horário de verão reduziria esta demanda do horário de pico, sem muita economia de energia, mas garantindo mais segurança para o setor elétrico.
Um dos poréns é que o brasileiro está usando durante o dia, cada vez mais, aparelhos de ar-condicionado, vilões do consumo. A própria Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) constatou que o horário de pico de energia no Brasil está se deslocando para o meio da tarde, o que provoca uma sobrecarga no sistema elétrico.
Isso já se verifica há alguns anos nos Estados Unidos, por exemplo. O consumo à tarde transformou o lucro do horário de verão em prejuízo, conforme reportagem da BBC Brasil.
O que falta no Brasil, disse à BBC Celio Bermann, presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético, é uma avaliação técnica mais precisa sobre a economia que o horário de verão traz – ou não – para o Brasil.
Para ele, é balela essa informação do governo, todos os anos, de que a mudança de horário traz economia de 5% no consumo de energia.
E outro especialista ouvido pela BBC tem opinião semelhante. Ele acha que o horário de verão só teria efeito de fato se fosse conjugado com uma política de eficiência energética.
“Gastamos um absurdo no aquecimento da água de chuveiros elétricos considerando que poderíamos usar a energia solar, aquecedores baratos, enfim, investir em uma alternativa para esse horário de pico, entre 18h e 21h, quando a maioria das pessoas toma banho.”
Controvérsias à parte, a ciência diz que o corpo humano leva ao menos 14 dias para se acostumar com o horário de verão. São duas semanas em que sofremos problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado.
Ah, sim, e a horinha perdida você só vai recuperar à meia-noite de 17 de fevereiro de 2018, um sábado.